quarta-feira, 11 de maio de 2011

Degraus


Cobiça-se o que é do próximo quando se percebe que você também é capaz de tê-lo. Frase triste, mas realista. Estamos numa época em que o amor ao próximo não supera o sentimento de inveja... O “ter” supera o “ser” e tende a ser um sentimento forte. Para conquistá-lo as pessoas estão deixando seus valores de lado. 

Quem aborda sobre esse amor pelo domínio, pela superioridade de status, é o pensador John Locke. O que querem as pessoas com ânsia de poder? O inglês debruça-se sobre o tema “dominação”, divisão de deveres numa sociedade que só será possível com a ordem e, é claro, o poder.  Uns (poucos) mandam, todos os outros obedecem. 

Podemos ressaltar como eram as relações interpessoais nos séculos entre os indivíduos que aceitavam as suas condições, digamos pré-estabelecidas, e aqueles que usufruíam da ignorância alheia, tripudiando de seu status superior, o de divindade. De um lado os trabalhadores, a base da pirâmide econômica, convencidos de sua posição, e acima os que detinham o poder concedido por Deus. Estes últimos já estavam engajados na luta pela busca do estoque de riquezas, pelo domínio do maior número de terras, sempre almejando os pertences do outro, ou outros.  

Percebemos que muita coisa não mudou. Mas, hoje podemos correr atrás do status que antes não era se quer possível de cogitação. Um exemplo é o ex-presidente. Pessoa comum que alcançou um lugar ao sol. Coisa que jamais seria aceita anos atrás. 

Não digo que está errado, pelo contrário, todos devemos lutar por um lugar ao sol. Mas, quando você alcança um degrau acima, deve-se perguntar se afetou alguém, se passou por cima de outra pessoa, se foi injusto, se teve que se prostituir, ou se foi corrompido... Caso esteja no seu degrau ainda, em busca de uma oportunidade para lançar-se ao seu objetivo, tente se enxergar como ser único e capaz, e que não necessita cobiçar lugar ou status de outrem. 

Antes, quando os indivíduos estavam em um ambiente natural, onde alimentar os seus instintos naturais era suficiente, não havia divisões de terras e muito menos guerras eram travadas por ideais de um grupo. O que vemos num período da história é uma percepção do homem de que, diferente dos outros animais, poderia ter e ser o que ele quisesse. Se antes dominava quem tinha força, depois dessa percepção domina quem sabe usar o que só o ser humano tem. 

O século XXI é isso. Uma guerra fria. Nunca estamos satisfeitos. E de acordo com o pensador, isso iniciou após a percepção acima citada. Iniciou lá atrás, quando percebemos que éramos praticamente os seres mais frágeis criados pela natureza, que nosso corpo não suportava muitos quilos a mais que o nosso próprio e que as nossas “patas” eram ridículas, e, naturalmente, entende-se que temos o poder de usar o nosso cérebro.

E como garantir a ordem se todos têm as mesmas habilidades? Consequentemente houve muitas guerras. Todos, cientes de que tinham condições de dominar outrem, reagiram. Desta forma, a fim de cessar com a barbárie instituiu-se a ordem, a divisão de domínios, as funções de cada qual. O famoso: “O maior come o menor”. 

Atualmente, vivemos dessa herança. Uma divisão social e um modelo a seguir impostos há séculos atrás. Porém, nas veias correm a ambição. Que, por lado nos faz correr atrás, e por outro nos faz seres injustos e impacientes. Prontos para a guerra. 

Vale refletir e olharmos para o que somos e aonde queremos chegar. Seguir um caminho justo, para você e, principalmente, para quem está a sua volta.  

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