quinta-feira, 14 de abril de 2011

O Amor

Hoje, sonhamos com o amor perfeito. Sonhamos em sermos conquistadas todos os dias, com flores, bombons, poesias. Isso porque lá na infância, nos seus seis aninhos, vinha a mamãe ou o papai e lia histórias lindas, de contos de fadas, todas vindas de uma época distante, no século do “Era uma vez...” 

Pois é, estas histórias são baseadas em relatos totalmente deformados, romantizados, estereotipados. São literaturas francesas, que ao passar dos anos foram ficando ainda mais lindas e surreais. O amor é daqueles de novela, que ultrapassa barreiras e até a morte. Não quero de jeito algum desiludi-los, eu mesma sou fã dessas histórias, mesmo sabendo que são fantasiosas. Também espero na janela o “príncipe” chegar. Se não acreditarmos no amor, em que acreditaríamos? Que somos animais domados? Talvez.




As histórias nos fazem bem, nos enobrece e nos faz sonhar. E como é bom sonhar. Mas, voltando à vida real... Na Idade Média foi construído o Código de Comportamento Coletivo, conjunto de regras que aspiravam ser inquebráveis. Pois bem, nele definir-se-iam o estatuto do feminino e o do masculino, com seus respectivos funções e poderes; substituiriam à filiação materna à filiação paterna; e indicariam, entre todas as uniões possíveis, as únicas legítimas, as únicas consideradas suscetíveis de garantir convenientemente a reprodução do grupo. É nesta época então que nasce a instituição chamada “Casamento”.

 Até então havia uma franqueza em relação aos relacionamentos, às vontades. Falo de tudo. Não havia divisões. Pode até parecer bizarro olhando com a nossa visão de hoje, mas com certeza havia algum pudor nessas relações, mas claro, diferentes das que seriam impostas então e tragas conosco até hoje. 

De acordo com o meu professor de história medieval, o amor seria uma invenção e que antes só existiam os desejos carnais. Mas, eu prefiro não acreditar nisso. Porém, concordo em dizer que nossas relações, nosso jeito de lidar com o “amor”, nossas idealizações, são todas criadas sim. De alguma forma escolhemos uma pessoa por tudo aquilo que ela representará em nossa vida. Se ela se “encaixa” no seu “mundo” ela convém, se não, bola pra frente. 

Amor cortês, o dos contos de fadas

Não gosto de começar com “infelizmente”, mas, infelizmente os poemas e obras romanescas do século XII não podem ser usados como documentos reveladores das verdadeiras intenções das relações e organização da sociedade da época em que tudo isso teve início. Claro que se eles eram feitos para o público da época, tinham um interesse em influir sobre sua conduta. 

Pois bem, o “amor cortês” era um jogo. Um jogo onde o jovem, ainda solteiro queria conquistar uma dama casada. Primeiro, porque eles achavam mais excitante por ser uma mulher experiente e, segundo, porque se tratava de uma prova que o formaria num homem. 

Nos filmes e contos que nos repassam histórias dessa linha, mostram um rapaz decidido a lutar por seu amor, decidido em salvar sua princesa de um homem horrível, sem coração, enfim, decidido a salvá-la. Por amor. Nem quem isso lhe custasse à vida. A verdade é que os jovens lutavam por eles mesmos e para mostrar ao seu Senhor que eles eram capazes. Queriam mostrar virilidade e superioridade. Queriam ser vistos pelo seu Senhor. A mulher era apenas um troféu. Se não fosse assim, será que tantos homens teriam se sacrificado em duelos mortais? E o seu Senhor, teria permitido que a sua dama virasse um mero troféu? “Disciplinado pelo amor cortês, o desejo masculino não foi então utilizado para fins políticos?”, perguntou Georges Dudy durante sua pesquisa sobre amor, e eu faço a mesma pergunta para os dias atuais.

 O que é real afinal?

Vejo que muitos dos relacionamentos são alimentados pelas conveniências, e que por trás sempre há um ponto questionável. Não digo que não existe amor de verdade entre os casais, claro que existe. Mas, quando você se aproxima de alguém é porque já viu algo que chamou a sua atenção. Certo? Não é dizer que isso tem haver com conveniência?  

Ao passar dos anos, dos séculos, fomos sendo induzidos a fazer do jeito “certo”. 

Gosto de enfatizar isso porque ainda vou entender o que realmente é real, o que é de verdade.

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